Já no início de 2020 era difícil encontrar alguém que não tivesse relatado ansiedade em algum momento. Desde que os primeiros casos da COVID-19 apareceram na China, no final de 2019, o mundo acompanhou com preocupação a disseminação do novo coronavírus. Com a confirmação do primeiro caso em solo brasileiro em 27 de fevereiro, o sentimento passou a ser outro: medo.
Em meio a uma crise como essa, é natural que o medo aflore. Ele é, na verdade, uma resposta natural ― e esperada ― do corpo frente às novas situações. Assim, ficamos mais atentos e reagimos mais rápido ao que podem ser consideradas ameaças à sobrevivência. Entretanto, a pandemia tem feito com que muitas pessoas sintam esse temor em excesso.
Embora não existam levantamentos que quantificam o número de ligações, voluntários do CVV (Centro de Valorização da Vida) relatam que as chamadas cresceram exponencialmente desde o início do isolamento social. Em Santa Catarina, faltam atendentes; em São Paulo, a cidade de Mogi das Cruzes registrou mais de 300 mil ligações no mês de março e, no Mato Grosso, a procura pelo atendimento quadruplicou no final do mês passado. Todas as chamadas têm algo em comum: relatos de medo e ansiedade frente à pandemia.
Controlar o fluxo de preocupações é possível, mesmo em situações críticas. Neste artigo, vamos dar algumas dicas que podem ajudá-lo a manter o estresse sob controle e não deixar que ele tome conta da sua vida. Acompanhe!
Os efeitos das preocupações extremas na mente e no corpo
O excesso de pensamentos e preocupações tem um custo bastante alto para a saúde, seja ela física ou mental. Pesquisadores brasileiros publicaram um artigo, com base em tragédias, epidemias e pandemias ― inclusive a atual ―, que afirma que essa carga pode ser o gatilho para doenças psíquicas. Segundo o documento, pessoas saudáveis podem passar a sofrer com quadros de ansiedade, enquanto as que já possuem alguma patologia podem ter um agravamento do quadro.
Ainda de acordo com o estudo, os problemas psíquicos costumam atingir muito mais gente que a própria infecção. Além disso, os efeitos na saúde mental se estendem por muito mais tempo que a duração das crises. É comum também que quadros de depressão e síndrome do pânico passem a acompanhar aqueles acometidos pelos efeitos da pandemia.
O corpo, claro, não sai ileso depois de tantas preocupações. A superexposição ao cortisol, também conhecido como “hormônio do estresse”, eleva os batimentos cardíacos e pode causar arritmia, hipertensão e chances mais elevadas de infarto e acidente vascular cerebral. No cérebro, são afetadas a memória de curto prazo e a produção química, que pode levar a desequilíbrios.
Entretanto, mesmo sabendo de todos esses malefícios, algumas pessoas ainda podem ter dificuldades em abandonar as preocupações excessivas. Se esse é o seu caso, acompanhe com atenção o próximo tópico.
Como evitar preocupações em momentos de crise
Momentos de crise, realmente, mexem com o equilíbrio emocional. Mas, apenas se ele for mantido será possível encontrar uma saída para os problemas. Logo abaixo, você encontra algumas dicas que podem ajudar a controlar a ansiedade em meio às turbulências. Acompanhe.
Trabalhe sua inteligência emocional
Ter inteligência emocional significa reconhecer, entender e lidar com os próprios sentimentos. Isso não quer dizer, de forma alguma, suprimi-los! Uma pessoa emocionalmente inteligente consegue ter controle sobre o fluxo de pensamentos e dar a eles a importância devida. Assim, não deixam que pequenos problemas ou questões que não se podem resolver atrapalhem o seu dia a dia.
A inteligência emocional se sustenta sobre cinco pilares:
- Conhecimento sobre as próprias emoções;
- Capacidade de controlá-las;
- Automotivação;
- Empatia;
- Sociabilidade.
Em momentos de crise, ter essa habilidade é fundamental para evitar preocupações extremas. Aqui no Portal, falamos melhor sobre cada um desses componentes da inteligência emocional no artigo Os cinco pilares da inteligência emocional. Recomendamos a leitura!
Imagine o pior cenário
Parece contraproducente pedir para que você imagine o pior cenário possível quando você quer, justamente, evitar preocupações. Mas, esse exercício pode ajudar. Para isso, siga esses três passos:
- pergunte-se, honestamente, o que de pior pode acontecer nessa situação;
- prepare-se para aceitar o cenário mais temeroso;
- partindo disso, trace uma estratégia para melhorar essa situação.
Ao fazer isso, você consegue dar a dimensão certa para cada preocupação e consegue perceber que o pior cenário pode ser bem menos drástico. Mas, vale ressaltar que você só pode encontrar soluções para as situações em que pode atuar. No caso de uma pandemia, por exemplo, podemos fazer um esforço individual para contribuir com a melhora do quadro, mas não há como interferir ou mudar a situação de imediato. Entender isso também é importante para que sua mente não se consuma por pensamentos que não farão nada além de deixá-lo ansioso.
Limite o uso de internet e celular
Você já ouviu falar da Síndrome de FOMO? Ela se refere à expressão fear of missing out, ou, “medo de perder algo”. O conceito é recente e surgiu para designar o sentimento de alienação, de estar por fora do que acontece. Pessoas com essa patologia são extremamente conectadas e consomem informações o tempo todo. Um minuto sem atualizar a timeline e já surge a sensação de “estar por fora”.
Pode até ser que, normalmente, você tenha um bom controle sobre o seu tempo no celular e faça uso moderado das redes sociais. Entretanto, momentos de crise são o cenário perfeito para que o tempo em frente as telas aumente e, com ele, a ansiedade. Até mesmo o isolamento social contribui para isso, uma vez que o consumo de internet se intensifica ― em apenas 3 dias de quarentena, a internet fixa registrou aumento de 40%.
Para ajudar a fugir um pouco do smartphone ou da TV, tenha horários para usá-los. Claro que o celular é utilizado também para outros fins, mas, estipule um horário ou um limite de tempo para consumir notícias e outros assuntos relacionados ao que lhe traz ansiedade.
Como falamos acima, nem sempre é tarefa fácil livrar-se das preocupações extremas. Além da própria COVID-19, muitos outros fatores contribuem para o aumento do estresse em meio à crise: os novos hábitos adquiridos, a instabilidade do mercado e as mudanças que vêm sendo impostas são alguns exemplos. Conseguir manter o equilíbrio neste momento exige também dedicação e comprometimento com o próprio bem-estar.
Coloque essas dicas em prática ainda hoje e perceba como as preocupações em momentos de crise serão muito menores. E, se precisar de ajuda, nossa equipe está à disposição para auxiliá-lo!